“O Ser e o Ter” – Por Irlando Oliveira
A nossa trajetória na existência
física nos leva, naturalmente, a assumirmos posturas e hábitos já arraigados na
estrutura social. Para viver, precisamos contar com o mínimo necessário ao
nosso pleno desenvolvimento, envolvendo família, moradia, alimentação, lazer,
etc. Nascemos, nos educamos, elegemos uma profissão, conquistamos a nossa
emancipação através do trabalho - o qual nos proverá do necessário para uma
vida digna -, nos consorciamos com a pessoa amada, constituímos a nossa
família, geramos a nossa prole e tentamos viver. Esse é o padrão da criatura
humana!
Mas até que ponto vale a pena lutar
demasiadamente para amealharmos bens; para termos as coisas que sempre
consideramos "imprescindíveis" às nossas vidas? Quanto mais somos bem
remunerados; quanto mais ganhamos dinheiro e/ou lucramos com os nossos negócios,
mais e mais gastamos e consumimos, sempre nos perdendo e nos desencontrando do
nosso real sentido de existir. O capitalismo, neste particular, responde por
essa nossa angústia, pois a cada momento nos induz ao consumo exacerbado e
infrene. Assim, percebemos que buscamos muito mais o sentido do TER, em
detrimento, muitas das vezes, da questão do SER. Essa dualidade que envolve o
ser e o ter sempre nos inquietou a todos, ensejando momentos ímpares de
reflexões, já que sabemos que daqui nada levaremos.
Notadamente, a vida tem sido muito
difícil de ser vivida, em razão de nos permitirmos a empreitadas as quais quase
sempre não nos agregarão valor algum! No afã de termos as coisas, sempre nos
perdemos, criando mais embaraços e tropeços, os quais nos desviarão da rota
necessária ao nosso objetivo na presente existência física. Nunca é demais
lembrar que aqui estamos para um propósito, e o próprio Universo se incumbe de
nos orientar através dos seus meios bem peculiares, os quais, devido ao nosso
estado de consciência, nem sempre abrimos campo para o entendimento e
intercâmbio.
Como já escrevemos noutra
oportunidade, nos apresentamos no mundo com um cabedal psicológico que nos é
próprio; eivado de vícios, mas também contendo virtudes. Da mesma forma,
deixaremos este mundo acompanhados deste cabedal, o qual representará o nosso
SER. Aqui, deixaremos tudo! Entretanto, esse nosso SER, essa nossa essência
espiritual, seguirá conosco! Assim, que valorizemos cada momento de nossas
vidas, de modo a incorporarmos virtudes ao nosso EU, ao nosso "Self",
como forma de chegarmos vitoriosos para aonde formos, pelo fato de termos
conseguido vencer a batalha travada na vida entre o SER e o TER, tendo o
primeiro verbo assumido primazia em nossa existência.
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* Irlando Lino Magalhães Oliveira é
Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual
Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora